Quem são considerados gentios hoje?

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No Novo Testamento, particularmente nas Epístolas Paulinas e no livro de Atos, o termo "gentios" é usado para se referir àqueles que não são de descendência judaica. No contexto da narrativa bíblica, os gentios eram essencialmente todos os povos não-judeus. Essa distinção não era meramente étnica, mas também religiosa, pois os judeus eram vistos como o povo escolhido de Deus, os destinatários da Lei e aqueles com uma relação de aliança única com Deus. Os gentios, por outro lado, eram frequentemente associados ao paganismo e à idolatria, carecendo da revelação direta e da aliança que os judeus haviam recebido.

No livro de Atos, vemos uma mudança significativa na missão cristã primitiva à medida que se expande de um contexto predominantemente judaico para incluir os gentios. Essa transição é notavelmente marcada pela conversão de Cornélio, um centurião romano, em Atos 10. A conversão de Cornélio, facilitada pelo apóstolo Pedro, é um momento crucial na narrativa, simbolizando a abertura da fé cristã ao mundo gentio. A visão de Pedro e a subsequente realização de que "Deus não mostra favoritismo, mas aceita de toda nação aquele que o teme e faz o que é justo" (Atos 10:34-35, NVI) sublinha a inclusividade do Evangelho.

Paulo, frequentemente referido como o Apóstolo dos Gentios, enfatiza ainda mais essa missão universal. Em suas epístolas, Paulo articula uma teologia onde as barreiras entre judeus e gentios são derrubadas através de Cristo. Em Gálatas 3:28, ele declara famosamente: "Não há judeu nem gentio, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vocês são um em Cristo Jesus" (NVI). Esta declaração reflete a radical inclusividade da mensagem cristã primitiva, que transcendeu divisões étnicas, sociais e de gênero.

Hoje, quando consideramos quem são os gentios, devemos entender que o termo evoluiu além de seu contexto do primeiro século. No uso contemporâneo, "gentio" é menos sobre identidade étnica e mais sobre contexto religioso e cultural. Em um sentido amplo, gentios hoje seriam qualquer pessoa que não seja etnicamente judia. No entanto, no contexto da teologia cristã e da missão universal da igreja, o termo tem um significado mais nuançado.

O cristianismo moderno, particularmente de uma perspectiva não-denominacional, vê todas as pessoas como potenciais destinatários do Evangelho, independentemente de sua origem étnica ou cultural. O foco não está em manter a distinção histórica entre judeus e gentios, mas na unidade e inclusividade encontradas em Cristo. Isso está em linha com a visão do Novo Testamento de um corpo de crentes diverso, mas unificado.

Teologicamente, a mensagem do Novo Testamento é que em Cristo, a parede divisória entre judeus e gentios foi abolida. Efésios 2:14-16 articula isso lindamente: "Pois ele é a nossa paz, que de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, abolindo em sua carne a lei com seus mandamentos e regulamentos. Seu propósito era criar em si mesmo uma nova humanidade dos dois, assim fazendo a paz, e em um corpo reconciliar ambos com Deus através da cruz, pela qual ele matou a inimizade" (NVI).

Esta passagem destaca o trabalho transformador de Cristo em criar uma nova humanidade onde as distinções étnicas são secundárias à identidade encontrada Nele. A missão da igreja primitiva aos gentios não era apenas sobre evangelismo, mas sobre criar uma nova comunidade que refletisse o trabalho reconciliador de Cristo.

Em termos práticos, o conceito de gentios hoje pode ser visto na missão da igreja de alcançar todas as nações e povos. A Grande Comissão em Mateus 28:19-20 chama os cristãos a "ir e fazer discípulos de todas as nações", enfatizando a natureza global e inclusiva da missão cristã. Esta missão não é limitada por fronteiras étnicas ou culturais, mas é impulsionada pelo amor de Cristo por toda a humanidade.

Além disso, a inclusão dos gentios é um testemunho da visão profética encontrada no Antigo Testamento, onde as nações viriam adorar o Deus de Israel. Isaías 49:6 fala do servo do Senhor sendo "uma luz para os gentios", apontando para o alcance universal do plano de salvação de Deus. Esta visão profética encontra seu cumprimento no Novo Testamento à medida que o Evangelho se espalha além da comunidade judaica para abranger o mundo inteiro.

Em um cenário contemporâneo, o termo "gentio" pode ser usado em discussões sobre relações judaico-cristãs ou em debates teológicos sobre a identidade e missão da igreja. No entanto, o foco da mensagem do Novo Testamento não está em manter distinções, mas em celebrar a unidade e diversidade do corpo de Cristo. A igreja é chamada a ser uma comunidade onde todos são bem-vindos, independentemente de sua origem, refletindo o amor inclusivo de Deus.

De uma perspectiva cristã não-denominacional, a ênfase está na identidade compartilhada em Cristo, em vez de rótulos étnicos ou culturais. A igreja é vista como uma comunidade diversa unida pela fé em Jesus, onde as divisões históricas entre judeus e gentios são transcendidas pelo poder transformador do Evangelho.

Em conclusão, enquanto o termo "gentio" historicamente se referia a não-judeus, seu significado contemporâneo é mais sobre a inclusividade da mensagem cristã. A visão do Novo Testamento é de uma humanidade reconciliada onde todos são convidados a participar da graça e do amor de Deus através de Jesus Cristo. Esta visão desafia a igreja a abraçar a diversidade e continuar a missão de alcançar todos os povos, cumprindo o chamado de ser uma luz para as nações.

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